"As Canções de Amor": crítica
"As Canções de Amor" é a maior tragédia romântica dos últimos anos. E também a mais amoral. Este musical de Christophe Honoré é um triunfo pela sua simplicidade - obrigatório, portanto.
O produtor Paulo Branco tem finalmente motivos para sentir orgulho numa obra onde aplicou o seu dinheiro. "Les Chansons D'Amour", que segue a trajectória interior de um triângulo amoroso, é o mais belo filme que vi este ano - e já bisei. Mas como em qualquer trio, o amor não é uniforme, e Ismäel e Julie, embora vivam uma relação estafada, constituem a locomotiva emocional. Como canta Alice, o terceiro vértice, "eu sou [apenas] a ponte entre as duas margens". Não vale a pena contar muito mais, para que a história não fique orfã de encanto. Mas deixem-me adiantar-vos que em "As Canções de Amor" há perda, reencontro e... Paris.
O drama musical do francês Christophe Honoré é um deleite, para a visão e para os ouvidos. Os protagonistas libertam os seus estados de espírito a cantar, tão ou mais naturalmente que em "Dancer in the Dark", de Lars Von Trier. As letras e música são belíssimas - esqueçam a voz pois, embora competentes, os actores limitam-se a sussurrar.
Mas a grande virtude desta obra romântica é espraiar-se sobre o amor sem condicionalismos. Pessoas amam pessoas, ponto final. Não há espaço para falsos moralismos, e as personagens reagem com ponderação e contenção às mais inusitadas expressões amorosas. Muitas destas sequências podem provocar desconforto na mente mais conservadora mas... olhem, aguentem-se! Nenhuma das cenas é gratuita, antes poética. Os corpos fundem-se, as vozes entoam em coro, e dá vontade de ser assim, de discutir a cantar. Provavelmente, teríamos todos mais amor. 5 estrelitas
O produtor Paulo Branco tem finalmente motivos para sentir orgulho numa obra onde aplicou o seu dinheiro. "Les Chansons D'Amour", que segue a trajectória interior de um triângulo amoroso, é o mais belo filme que vi este ano - e já bisei. Mas como em qualquer trio, o amor não é uniforme, e Ismäel e Julie, embora vivam uma relação estafada, constituem a locomotiva emocional. Como canta Alice, o terceiro vértice, "eu sou [apenas] a ponte entre as duas margens". Não vale a pena contar muito mais, para que a história não fique orfã de encanto. Mas deixem-me adiantar-vos que em "As Canções de Amor" há perda, reencontro e... Paris.
O drama musical do francês Christophe Honoré é um deleite, para a visão e para os ouvidos. Os protagonistas libertam os seus estados de espírito a cantar, tão ou mais naturalmente que em "Dancer in the Dark", de Lars Von Trier. As letras e música são belíssimas - esqueçam a voz pois, embora competentes, os actores limitam-se a sussurrar.
Mas a grande virtude desta obra romântica é espraiar-se sobre o amor sem condicionalismos. Pessoas amam pessoas, ponto final. Não há espaço para falsos moralismos, e as personagens reagem com ponderação e contenção às mais inusitadas expressões amorosas. Muitas destas sequências podem provocar desconforto na mente mais conservadora mas... olhem, aguentem-se! Nenhuma das cenas é gratuita, antes poética. Os corpos fundem-se, as vozes entoam em coro, e dá vontade de ser assim, de discutir a cantar. Provavelmente, teríamos todos mais amor. 5 estrelitas
No comments:
Post a Comment