Diário de "Blindness"
Fernando Meirelles está a escrever um diário virtual sobre a rodagem de "Ensaio Sobre a Cegueira" (Blindness), onde descreve com humor os episódios que têm marcado o projecto. Vale a pena ler, nem que seja para concluir que, muitas vezes, um realizador não é um ser omnipotente e autoritário a quem toda a máquina obedece. As inseguranças e as expectativas por vezes frustradas também fazem parte da profissão.
Sobre a contracena entre Mark Ruffalo e Julianne Moore: "Com a pausa, a Julie perdeu um pouco a emoção, mas em compensação o Mark foi encontrando seu tom. Meia hora depois da primeira tomada tudo já estava mais técnico, mais preciso, ainda que já não tão vivo. Paramos então com a minha promessa aos atores que depois de montada a cena, se precisássemos, refilmaríamos. A Julie implorou para não ter que passar pela mesma coisa novamente."
Sobre as origens do projecto: "Em junho recebi um e-mail de um produtor canadense, que eu não conhecia, me perguntando se eu já havia lido José Saramago e se teria interesse em uma adaptação de um dos seus romances. Para ser simpático respondi: manda. Três dias depois, chegou em um envelope com um roteiro em inglês. Era Blindness, o Ensaio Sobre a Cegueira.Devem existir milhares de diretores no mundo. O que fez com que aquele texto viesse cair justamente em minhas mãos? Essas coincidências são assustadoras."
Sobre Saramago: "Apesar de feliz pelo encontro, aquela noite me deixou apreensivo. Por ter sempre recusado a vender os direitos de seus livros para adaptação (“cinema destrói a imaginação”) achei que ele não estivesse interessado no filme.Para meu desespero, estava enganado. Ele está interessado sim, perguntou várias vezes quando ficaria pronto ou quando poderia assistir algo. Depois do nosso encontro, me mandou um e-mail dispondo-se a colaborar caso eu precisasse e dizendo-se totalmente confiante em relação ao nosso trabalho. Antes não estivesse tão confiante assim, o risco de uma grande decepção seria menor."
3 comments:
fantástica dica bracken. vai ser um ponto de passagem obrigatório este diário. abraço
Passei primeiro pelo diário de Fernando Meirelles e vi seu post e ai caí aqui. Interessante e gostoso ler em português d eportugal, as diferenças as igualdades.O sonzinho do sotaque. Percebes que não sou portuguesa não é. Parabésn por seu blog
Olá, Cris! Obrigado por teres passado no meu blogue. Espero que continues a visitá-lo.
Um grande abraço
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