A Violência dos Inocentes: "Black Sheep", a crítica
Terminou hoje a primeira edição MoteLx, o primeiro Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa, que decorria no cinema São Jorge, em Lisboa. Ficou prometido, numa sala a necessitar urgentemente de ar condicionado e de cadeiras novas, de que haverá nova edição para o ano - espera-se que com legendagem a sério. Eu fui ver o neozelandês "Black Sheep", que encerrou o evento, logo a seguir à curta realizada pelo brasileiro Ivan Cardoso e protagonizada pelos participantes do workshop.
"Black Sheep" é um profundo gozo. A "Os Pássaros" de Hitchcock, aos filmes de zombies, vampiros e lobisomens, aos ambientalistas e aos vegetarianos, aos clichés useiros deste género de cinema. Enfim, a tudo o que deu na telha ao realizador e argumentista. Para nosso estado de graça...
Henry Oldfield apanhou um valente susto em criança provocado pelo seu irmão Angus que o traumatizou para a vida: é incapaz de conviver com ovelhas. Quinze anos depois, ainda em terapia, resolve regressar às raízes. Entretanto, um casal de ambientalistas vegetarianos tenta recolher provas de que o laboratório de Angus, agora um proeminente criador de ovelhas, está a produzir em massa bichos geneticamente modificados. E estão mais que certos: basta uma das "provas" para se certificarem de que o Mundo está prestes a... balir.
Para que conste, os efeitos especiais deste "Black Sheep" foram maquinados pela mesma empresa que "emprestou" os seus conhecimentos à trilogia de "Senhores dos Anéis". Portanto, se estão à espera de efeitos visuais ao estilo "troma", desenganem-se. As ovelhas mutantes e sanguinárias estão maquiavelicamente assustadoras, e o espectáculo é "gore" no verdadeiro sentido da palavra.
O argumento, simples e linear, não é a mais valia do filme - e nem sequer os actores que, apesar de alguma piada, parecem amadores. Mas conseguir um pulo da cadeira e uma gargalhada em simultâneo não é tarefa fácil. De tal modo, que quase nos sentimos idiotas pelo arrepio na espinha perante espectáculo tão bizarro - e nojento. Algumas da opções de quem urdiu a história são circunstanciais e demasiado convenientes, é um facto, mas na realidade, uma vez cosida esta manta de trapos, temos um dos mais divertidos espectáculos do cinema de terror/humor dos últimos anos. Como frisou o organizador do MoteLx, os filmes do certame são obras que raramente chegam ao circuito comercial, por não "serem adolescentes a matar adolescentes". Neste caso, são ovelhas a matar homens e só esta ideia peregrina merecia ser vista com mais atenção, e por mais pessoas. 3 estrelitas
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