"A Invasão": crítica
Valerá a pena sacrificar aquilo que nos define como seres humanos - a emoção -, por um Mundo equilibrado e pacífico? A resposta é ambígua e deixa um sabor a amargo em "A Invasão", um filme competente mas formulaico, apesar das interpretações de grande nível.
As filmagens de "A Invasão", uma reciclagem do já por si multireciclado "The Body Snatchers" não foram tranquilas. Parece que os estúdios não ficaram satisfeitos com o resultado final da obra do realizador alemão Oliver Hirschbiegel ("A Queda") e encomendaram aos irmãos Wachowsky ("The Matrix") a reescrita do argumento e a James McTeigue ("V de Vingança") cenas adicionais que compusessem o filme. Não se conhece se o resultado desta mexida abrupta terá alterado significativamente a obra original, mas mesmo assim a "A Invasão" redunda num filme satisfatório e genuinamente de entretenimento.
Nesta "Guerra dos Mundos" onde Nicole Kidman troca de papel com Tom Cruise, como uma mãe disposta a enfrentar a ameaça alienígena para salvar o filho, há uma nota digna de registo: a montagem é soberba, tornando o filme mais fluido e "suspenseful", com os constantes "forwards". À excepção deste rasgo técnico, tudo o resto é o que já vimos.
Embora ainda agora não esteja certo se Kidman é a escolha mais correcta para este tipo de papel - a actriz é tão "bloco de gelo" que mais parece alinhar pelo bloco extraterrestre -, a australiana oscarizada tem aqui, talvez por essa característica, uma das melhores interpretações da sua carreira. Provavelmente, "A Invasão" não necessita de uma mulher vulnerável, mas cerebral o suficiente para discernir as potencialidades de sobrevivência a contra-relógio. E nisso, Kidman é exemplar.
Ao invés, não se entende muito bem o que faz ali Daniel Craig. Par romântico? Talvez, mas pouco. "Sidekick"? Talvez, mas muito pouco. O actor entra e sai de cena a uma velocidade espantosa - provavelmente, porque foi durante a rodagem do filme que soube que iria substituir Pierce Brosnan como James Bond e ausentou-se para intermináveis reuniões com a família Broccoli. No cômputo geral, é Nicole Kidman que sustenta todo o filme, que poderia ser mais "dark" e viscoso e não tão depurado, high-tech e... azul-cinza. 3 estrelitas
1 comment:
Concordo com a tua crítica, no entanto deixa-me acrescentar que acho que a fotografia do filme está adequada (aqueles azuis e cinzentos ajudam a acentuar a monotonia e a ausência das emoções).
Abraço
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