Friday, April 6, 2007

3 sugestões em DVD

"O Quarto do Filho", de Nanni Moretti - À boleia da recente estreia de "O Caimão", vale a pena recordar a coerente filmografia do realizador italiano. "Quarto do Filho", de 2001, é uma das suas melhores obras e, portanto, de visionamento obrigatório. Giovanni (Moretti) é um psiquiatra a quem a vida não foi madrasta: o negócio que gere num escritório anexo à sua casa corre de feição, e é também o feliz patriarca de uma família perfeita (que inclui a actriz Jasmine Trinca, igualmente co-protagonista de "Il Caimano"). Mas uma tragédia vai abalar os alicerces daquele lar e fazê-lo reconsiderar a sua opção profissional. 5 estrelitas




"O Gosto dos Outros", de Agnès Jaoui - Mosaico social sobre opostos. Castella, um empresário casado - e com uma cultura abaixo da média - embeiça-se por uma fascinante actriz, que integra uma certa elite cultural da cidade. A comédia da realizadora, argumentista e cantora francesa, que veio recentemente a Portugal apresentar a sua música, é uma encruzilhada de histórias ao estilo de Robert Altman, com o toque realista que só os grandes cineastas europeus conseguem imprimir. 5 estrelitas


"Transamerica", de Duncan Tucker - Ainda agora me custa a engolir a vitória de Reese Whiterspoon na edição dos Óscares do ano passado. Felicity Huffman, a protagonista de "Transamerica" tem aqui uma das melhores intepretações femininas dos últimos anos: quantos papéis dos género temos visto, em que uma mulher tem de representar um homem que quer ser mulher? Pois, a tarefa é árdua. Este "road movie" sensível e em tons rosa - com muitos espinhos - é do mais fascinante que o cinema indie deu à luz na última década. 5 estrelitas




Espartano


"300" é capaz de ser um dos mais admiráveis filmes da era CGI - foi filmado em 60 dias e levou mais de um ano de pós-produção. Mas além da obra visualmente poderosa, colada tal como "Sin City" ao álbum gráfico em que se inspira, pouco mais há a dizer sobre o mesmo. Frisar que o Irão ficou irado com a história (pudera, os Persas, povo que habitou aquele território e ascendentes dos modernos iranianos são retratados como gente vil e tirânica) ou que Gerard Butler é um perfeito Leónidas tornou-se um lugar comum. De resto, os actores são meros acessórios neste festival de fogo-de-artifício, e a história vulgar e historicamente incorrecta. O pasmo que se sente na sala de cinema - que, no meu caso, foi potenciado pelo suposto ecrã com a altura de três andares das galerias do Campo Pequeno (uma fraude!) -, é tão instantâneo e momentâneo que, dez minutos depois, já foi recambiado para a área das mais acessórias e dispensáveis memórias. Se tivesse que atribuir Óscares nas categorias técnicas, este "300" seria com certeza um vencedor. Mas, no cômputo geral, não merece mais do que duas... estrelitas.

Thursday, April 5, 2007

"Dot.com" à grande e à portuguesa


"Dot.com" tem tido uma cobertura jornalística sem precedentes no cinema português. Assim como uma campanha nunca vista: ele é Internet com blogues e sites, a fazer lembrar as operações de marketing de "Blairwitch Project", e directos televisivos para a ante-estreia em Dornes com a presença do presidente da República e a respectiva esposa, sôdona Maria. Pelo que já se escreveu, é capaz de não ser mau. Mas esta semana também estreiam "Inland Empire" e "300", vamos ver se há tempo para tudo.

O que se escreveu sobre "Dot.com"

“…promete muitas gargalhadas.”
Ana Henriques in TV Mais

“uma comédia à distância de um clique, que coloca uma aldeia do interior nas bocas do mundo.”
“Nas palavras do realizador, é uma «comédia cibernética rural». A descrição chega para deixar água na boca.”
Ana Markl in Sol

“…não podes perder esta comédia hilariante e humanista sobre a globalização! Está o máximo!”
Cartaz in Ragazza

“o regresso da comédia portuguesa, em termos bem mais modernos, em que o alvo é o nosso povo e as suas peculiares características, postas em caricatura sem excesso mas com grande poder de observação.”
Francisco Perestrello in Agência Ecclesia

“Uma comédia interventiva, algo com que o seu realizador sonharia e que por acaso já merecíamos.”
João Antunes, in Jornal de Notícias

“Internet revolucionária…durante ‘a guerra tecnológica’ ainda existe tempo para um romance…um divertimento para toda a família.”
Lurdes Matos in Nova Gente

“O poder das multinacionais…com um elenco de luxo…Dot.com fala sobre a filosofia da Aldeia Global…”
P.M.R. in Sete

“…objecto de entretenimento e que prova que o cinema português está cada vez mais perto de se reconciliar com o público.”
Sofia Canelas de Castro in Correio da Manhã

“…um divertido retrato do Portugal dos pequeninos…”
Tiago Alves in Visão

“uma comédia sobre costumes e comportamentos.”
Luís Galvão Teles in Sete

“…puro entretenimento.”
Isabel Abreu in Correio da Manhã

“…recriar uma ‘comédia italiana clássica dos anos 50’, mas o filme faz lembrar mais um pátio das cantigas – só que rural, sem cantigas e sem as piadas de Vasco Santana.”
Luís Galvão Teles in Visão

Wednesday, April 4, 2007

Ainda em cartaz e discutíveis



"A Rainha", de Stephen Frears - Sim, todos sabemos: Helen Mirren é uma actriz notável e camaleónica. Sim, também conhecemos o apetite global pelas historietas da família real inglesa - tenho até convicção de que anda por aí muito boa gente capaz de amputar uma perna em troca de meia hora de coscuvilhice no palácio real. Valendo-se destes dois trunfos - e de ainda outro, a eternamente idolatrada Diana de Gales -, Frears oferece-nos um filme que, na minha opinião, é desequilibrado. "A Rainha" quer ser um retrato íntimo de uma mulher, trazendo-a para o mais terreno possível, mas não consegue passar de um esboço a carvão. Fazê-la deambular pelos aposentos em roupão e chinelos ou vê-la sentada a assistir televisão como o mais comum dos mortais, não é a minha perspectiva de íntimo. Isso, acho que todos concordam, já imaginávamos -a senhora não deve acordar copiosamente penteada, nem ter banido o televisor das salas reais. O que realmente interessava, que são os seus pensamentos e convicções, a sua postura política e social, falham por estarem demasiado focados num acontecimento: a carpida - e bem carpida - morte de Lady Di. Portanto, chamar-lhe "A Rainha" como sendo uma visão abrangente da real figura, é um engodo. A própria, é claro, deve esfregar as mãos de contentamento. Depois de altos e baixos de popularidade, Isabel II deve ter - intimamente - aplaudido o filme que a retrata como uma doce avozinha a abrir a asa para os vulneráveis netinhos, e a ser pressionada por um Tony Blair demasiado "vizinho do lado" para o meu gosto. No final, aprendemos uma lição: quem manda naquele país ou o representa de coroa na cabeça são pessoas muito boazinhas e familiares, cheias de princípios e de moral. Custa-me a acreditar. 2 estrelitas




"Scoop", de Woody Allen - Quem vai à espera de algo parecido com "Match Point", desiluda-se já. Quem viu "Vigaristas de Bairro" e "Maldição do Escorpião de Jade" - e gostou - não vai arrepender-se. Este "Scoop" é apenas mais uma comédia mediana de Woody Allen, com altos e baixos e diálogos que cheiram a requentado, ou não fosse a personagem auto-atribuida pelo realizador uma caldeirada de todas as outras que já vimos. Scarlett Joahnsson é a sua versão feminina, a padecer de diarreia verbal tão incontrolável como a de Allen. Só mesmo para fãs. 2 estrelitas.




Estreiam em Portugal (e eu recomendo)


Em Maio:

Shortbus, de James Cameron Mitchell, o realizador de Hedwig and the Angry Inch - estreia a 5 de Maio;
Snow Cake, de Marc Evans, com Sigourney Weaver (na foto) e Alan Rickman, nos cinemas a 17 de Maio;
Piratas da Caraíbas: Nos Confins do Mundo, o provável desfecho da trilogia, embora já tenha sido anunciada a quarta aventura. Estreia a 17 de Maio.
Goya's Ghosts, o regresso Milos Forman, com estreia marcada para 31 de Maio.


Em Abril:

Climas, de Nuri Bilge Ceylan, que conquistou o Prémio da Crítica Internacional no Festival de Cannes. O filme estreia a 12 de Abril.
Sexualidades, de Pernille Fischer Christensen, a 12 de Abril.

Monday, April 2, 2007

Para quem ama cinema...


E não encontra literatura sobre esta arte, recomendo que dêem uma vista de olhos por http://www.ochoymedio.com/, uma livraria com espaço físico em Madrid junto à Plaza de España e com sítio virtual onde é possível adquirir praticamente de tudo. Eu já lá estive pessoalmente e posso dizer-vos que vale mesmo a pena: de manuais de guionismo, aos próprios guiões, passando por biografias e fotobiografias, há de tudo um pouco. Almodóvar é cliente assíduo, a atestar pelos autógrafos expostos, mas também por lá passaram os irmãos Coen e George Lucas, entre muitos outros. E até é possível refastelarmo-nos num sofá a tomar um cafezinho (à espanhola, nem sonhem com expresso igual ao nosso) enquanto folheamos os guiões dos filmes de Woody Allen (estão lá praticamente todos).


É pena não termos uma livraria destas em Lisboa...

Terror made in Asia

Dois bons exemplos: "The Host" e "Wishing Stairs", ambos da Coreia do Sul. O primeiro venceu o prémio de melhor realização na última edição do Fantasporto.






300 em português

O trailer, em português (abrasileirado...)


Festa David Lynch esta 5ª


Fresquinha, fresquinha...


O Projecto Marginal associa-se à Atalanta no lançamento de "Inland Empire", promovendo uma festa “Império David Lynch”, no dia da estreia, dia 5 de Abril, às 23h00, no Santiago Alquimista. Vários excertos dos filmes de Lynch serão musicados ao vivo por: Armando Teixeira (Balla e Bullet), Vasco Viana e Zé Castro (Tv Rural e Zé Castro), João Branco Kyron e Bernard Sushi (Hipnótica), Gonçalo Kotowich, Rui Guerra e Hugo Antunes (Melange) e Miguel Guedes (BlindZero). A festa contará ainda com um DJ set de Mike Stellar e a adaptação cénica de excertos de filmes de David Lynch por alunos da ACT. A entrada para a festa é de 5 euros.


Vá, todos a brindar ao Lynch.

Mais um fenómeno inexplicável


135 MIL (!) espectadores viram, só este fim-de-semana, em Portugal, o novo filme de Rowan Atkinson, o famigerado Mr. Bean. Eu até percebo que achem piada ao senhor, mas... tanta?!

Sunday, April 1, 2007

Mais mentes perigosas

Valerá a pena pela deliciosa Imelda Staunton, eternizada pelo comovente "Vera Drake"?

Isto faz algum sentido?



"Grindhouse", a "joint venture" de Quentin Tarantino e Robert Rodriguez vai ser exibido na Europa em filmes separados. Até aqui, pronto, o pessoal ainda percebe: querem rentabilizar o filme, e quem quiser, sai da sala e entra na seguinte. Seria assim, certo? Errado! Pelo menos em Portugal, "Death Proof", de Tarantino, estreia primeiro, a 19 de Julho. E só mais de DOIS MESES depois chega às salas a segunda parte, "Planet Terror", de Rodriguez, a 27 de Setembro. Ora alguém me explica esta lógica da distribuição?!


Sabe tudo aqui

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