Thursday, January 24, 2008

O que Ledger perdeu


De acordo com a US Magazine, a equipa do filme "The Imaginarium of Doctor Parnassus" foi despedida na sequência da morte do actor Heath Ledger, esta terça-feira."Acabei de receber uma mensagem a dizer para todos irem para casa," disse uma fonte da equipa técnica.

"Era suposto começarmos esta quarta-feira, mas obviamente despediram hoje toda a gente. Ainda não sabem o que fazer com o que já foi filmado," acrescentou a mesma fonte.Ledger estava prestes a reentrar na rodagem do filme independente de Terry Gilliam, orçamentado em 30 milhões de dólares, quando faleceu. As filmagens tiveram início em Dezembro, em Londres, e a última fotografia do actor no cenário do filme data de 19 de Janeiro (na foto, a personagem prestes a enforcar-se).Ledger era o maior nome do elenco, onde também constam Christopher Plummer, Lily Cole e Tom Waits.

Trata-se da história de um "show" televisivo de viagens no tempo que chega à Londres actual através de um espelho mágico capaz de transportar a sua audiência para o futuro.O envolvimento do actor no projecto foi um factor chave para conquistar financiamento.

Ledger perdeu igualmente a sua oportunidade de dirigir um filme. Preparava-se para realizar a adaptação da novela "The Queen's Gambit". O papel principal, de uma jogadora prodigiosa de xadrez, foi oferecido à actriz nomeada para um Óscar Ellen Page. Ledger, ele próprio um excelente jogador de xadrez, planeava desempenhar um papel secundário.

Fonte: Red Carpet, A Passadeira do Cinema

Sunday, January 20, 2008

"Expiação": a crítica


O romance de todos os romances, como já alguém o apelidou, não podia ter ganho mais vida do que nesta adaptação realizada por Joe Wright. "Expiação", o filme, conta a épica saga familiar escrita por Ian McEwan projectando num ecrã, quase por magia, tudo aquilo que imaginámos ao ler o livro.

Sejamos honestos: se há alguém que escreve bem é Ian McEwan. O homem compõe personagens invulgares com uma densidade psicológica igualmente invulgar. Detalhista, espraia-se nos costumes e na descrição dos espaços e dos tempos como ninguém. Deixa as suas histórias respirar, dá-lhes corda e alento, sabe do que escreve e mima os seus protagonistas. Surpreende sempre o leitor, mesmo quando todo o enredo parece uma banal história de amor ou obsessão. Parece possuído pelo espírito de escritores de finais do séc. XIX, início do séc. XX, conferindo-lhes um toque de modernidade que quase soa a anacrónico. Em suma, McEwan é um génio literário, mesmo que este elogio pareça um lugar comum.

Quando li a obra, senti que reunia todos os ingredientes para ser adaptado ao cinema. Possui amor, paixão, intriga e redenção. É um épico transversal a três gerações. Mas depois de algumas decepções com livros que guardo como referência (lembro-me de "As Horas", de Michael Cunningham), não criei grande expectativa quando soube que o filme estava para ser rodado. Agora que chegou aos ecrãs, é caso para dizer que o génio de McEwan foi abrilhantado pelo génio de Wright. O que o filme perde numa exaustão necessária de pormenores, é compensado com uma montagem de grande nível, com uma banda sonora extraordinária e com truques cinematográficos espirituosos. Wright, também muito graças à participação de McEwan como produtor executivo, consegue transmitir todo o ambiente e o longo calvário emocional das personagens de "Expiação", o livro.

Embora tecnicamente superior, com uma fotografia e cenografia difíceis de adjectivar, tal a sua qualidade, é o factor humano que constrói "Expiação". Mesmo actores que para mim não passam da mediania, como Keira Knightley, afirmam-se nesta história de amor e penitência. James McAvoy é um valor seguro e a jovem Saoirse Ronan (Briony ainda criança) uma interessante promessa. Com tanto talento junto, não há como enganar: estive em frente ao mais oscarizável (e Oscar-type) filme do ano. 5 estrelitas

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