Friday, April 27, 2007

"V" de Volta


Lembram-se de "V" e "V-Batalha Final", as minisséries dos anos 80 que marcaram os sábados do pessoal que agora anda a roçar os 30? Para os saudosistas a entrar na provecta idade, uma notícia para alegrar o espírito: em 2008, estreia em televisão "V - The Second Generation", a série que reúne o elenco principal da produção original. Jane Badler volta a encarnar a pérfida "Diana", "femme fatale" alienígena lagartóide, e Faye Grant e Marc Singer regressam como os heróis do condado.

Vinte anos depois de terem aterrado no nosso planeta, os Visitantes entranharam-se no planeta e escravizaram a raça humana, transformando-a em seguidores. A Resistência está a perder a sua força... até à chegada de um poderoso e misterioso aliado.
A minissérie foi escrita para durar quatro horas e será transmitida pela NBC. Já só falta uns mezitos.

Sozinhas


Sou capaz de contar pelos dedos de uma mão os filmes que, até hoje, verdadeiramente me emocionaram. Não derramo lágrimas com Titaniques, com Palavras Que Nunca Te Direi, com essas lamechices que, não entendo por via de que mecanismo, conseguem colocar meia plateia a assoar-se. Por norma, assisto com alguma frieza às produções norte-americanas. Demasiado técnicas ou distantes da realidade, raramente me tocam o suficiente para um tímido fungar.

Não é o caso de "Solas" ("Sozinhas"), do espanhol Benito Zambrano, que comprei numa promoção da Valentim de Carvalho do Freeport de Alcochete. Recordo-me da loja por ter adquirido dois ou três DVDs cujo visionamento, invariavelmente, foi sendo adiado. Uma noite, estava eu sozinho em casa, lembrei-me de "Solas", um disco abandonado no fundo de uma das gavetas, coberto por umas quantas obras prioritárias - ou que, por terem saído mais caras, mereceram esse privilégio. E vi-o, numa decisão sábia.

O filme segue o drama de María, que vive num bairro degradado e perigoso de Sevilha, onde é necessário alguma cautela até para usar a cabine telefónica. Frustrada por não ter conseguido mais da vida, a empregada de limpeza nos trinta descobre que está grávida, fruto da relação periclitante e quase puramente carnal com um camionista, que passa longos períodos ausente e que a incentiva a fazer um aborto. Para cúmulo, o provinciano, machista e abusador pai de Maria é internado num hospital da cidade. A mãe, uma típica campónia eternamente de luto, submissa aos caprichos e à violência do marido, passa a ser uma visita regular na sua casa. A relação entre mãe e filha, demasiado formal e distante, começa a sofrer um revés. E Maria irá perceber que só conseguirá alcançar algo se esse laço quebradiço que as une ganhar alguma consistência. E se souber perdoar e compreender.

"Solas" não é uma grande produção à la Almodóvar e ganha por isso. Os cenários são reais, as pessoas autênticas, o ambiente quase palpável. As protagonistas - a mãe e a filha - são tão convincentes, no texto, composição e representação, que nos soam familiares. Zambrano é um especialista daquele meio e faz-nos sentir como parte dele.

Se o Mundo e a Academia sucumbiram ao drama da família disfuncional de "Little Miss Sunshine", devia ter visto primeiro este "Sozinhas". O que a produção independente made in USA caricatura, "Solas" fá-lo pela sinceridade de um retrato. E nunca me arrependi de o ter desempoeirado. 4 estrelitas


Wednesday, April 25, 2007


Este post serve apenas para transmitir apoio à "minha" eterna Lynn Bracken, Kim Basinger, actualmente envolvida em mais um episódio negro na já longa disputa contra Alec Baldwin. E para anunciar que, muito brevemente, vamos vê-la por todo o lado, nos anúncios do gigante dos cosméticos Lancaster, com quem assinou contrato esta semana, no rescaldo da polémica à volta da gravação onde Baldwin chama "pequena porca" à filha do casal, Ireland, de 11 anos.

Tuesday, April 24, 2007

Reflexões sobre "O Meu Tio"


O pequeno Gerard Arpel só encontra felicidade quando sai da redoma do seu bairro asséptico para a zona da cidade onde a limpeza está a cargo de um homem que facilmente se distrai com conversa, onde os cães vasculham o lixo, onde as crianças da sua idade apostam a distracção alheia em troca de coscorões com duas camadas de geleia e açúcar. E onde vive o seu tio, monsieur Hulot.

A casa de Gerard é uma espécie de vivenda com dois olhos (e os seus pais o par de pupilas), fria, tecnológica, com um jardim perfeitamente ordenado coroado por uma monstruosa fonte em forma de peixe, só ligada para ser exibida a vizinhos burgueses. A do seu tio, acessível através de uma escadaria labiríntica, está degradada e tem um canário que canta ao ritmo do chiar da janela. Desempregado, o distraído Hulot é um dia contratado para trabalhar na igualmente esterilizada empresa do cunhado, fabricante de tubos de plástico, que nutre por ele uma certa inveja por este conseguir dar ao filho aquilo que os seus gadgets e o seu poder financeiro nunca conseguirão oferecer: afecto.

Vencedor do Óscar de Melhor Filme Estrangeiro, esta obra-prima de Tati (1958) é tão prenhe de detalhes que dificilmente conseguiremos detectar todos - ou sequer parte dele - ao primeiro visionamento. Em cada plano, ao fundo, pode estar a acontecer algo que nos escape. Não que seja essencial para entrar naqueles dois mundos díspares da mesma cidade, mas porque queremos desde o primeiro minuto absorver por completo a sua riqueza cenográfica, artística e humana.
O meticuloso Tati é, em todos os aspectos da sua arte, de uma precisão impressionante: nos "timings", nos gestos, nos figurinos, nos cenários, e até na apresentação original da ficha técnica. De tal forma, que o seu filme, como resultado final e analisado num todo, se assemelha a uma máquina. Tão bem oleada como as que dominam a casa do pequeno Gerard.

Apesar deste perfeccionismo, Tati nunca é maçador. Principalmente, porque a sua história, em tom de sátira a uma sociedade materialista e parca em afecto, é tão actual que muito facilmente nos deixamos levar. As personagens são tão ricas (material e emocionalmente), a tecnologia tão estilizada, os décors tão estranhamente familiares (tenho a sensação de já ter visto aqueles sofás no Museu do Design), e as reminiscências do cinema mudo tão presentes (os diálogos resumem-se ao indispensável, privilegiando-se a música e o som ambiente), que damos por nós a considerar estar perante uma obra anacrónica. Que, de resto, não é mais do que um detalhe para este puro sangue da comédia.

Em exibição/reposição no Nimas, Lisboa.

Clichés


Para quem não conhece, eis um sítio que colecciona clichés do cinema: o avião que, mesmo sem combustível, explode em chamas; o herói que nunca abandona a casa mesmo que esta esteja infestada de perigos; todos os números telefónicos começam por 555; depois de uma estonteante sessão de sexo, as mulheres tapam sempre os peitos e ajeitam os lençóis pelos sovacos (na foto); só se fuma em caso de romance ou em cenas dramáticas, no resto o tabaco é dispensável; as heroínas ou vítimas raramente descem escadas, só as sobem; and so on...

Isto promete


Paris, 2054. Toda a actividade da cidade é controlada e registada. Um polícia incorruptível (com a voz de Daniel 'oo7' Craig) tenta descobrir o paradeiro de uma jovem desaparecida. Chama-se "Renascimento" ("Renaissance") este filme de animação inovador de Christian Volckman, que estreia dia 10 de Maio em Portugal.


O cinema e os livros


O primeiro romance de José Rodrigues dos Santos vai ser adaptado para cinema. A Gradiva, o autor e o produtor e realizador Leonel Vieira chegaram a acordo para a transposição para película do romance A Ilha das Trevas.

O livro foi originalmente publicado em 2002 e encontrava-se esgotado. Foi esta semana reeditado, sendo percursor de grandes êxitos editoriais do mesmo autor, como A Filha do Capitão, O Codex 632 e A Fórmula de Deus, obra que no conjunto já vendeu 340 000 exemplares em Portugal e foi traduzida em várias línguas.

O acordo representa a aliança do escritor que mais livros vendeu em Portugal no ano passado (José Rodrigues dos Santos, A Fórmula de Deus, 100 000 exemplares em 2006) com o produtor que mais bilhetes de um filme português vendeu no ano passado (Leonel Vieira, Filme da Treta, 285 000 bilhetes em 2006). Leonel Vieira é ainda realizador de êxitos como Zona J e A Selva.


No percurso inverso, e depois de uma carreira fulgurante no grande ecrã, Carmen Miranda regressa novamente em livro, desta vez numa obra da autoria de Ruy Castro. Editado pela Palavra, estará brevemente à venda.

Monday, April 23, 2007

Estreiam esta semana


Estreiam a 25, e por ordem pessoal de preferência:

1. La Vie en Rose, de Olivier Dahan - os amores imperfeitos de Edith Piaf;
2. Cenas de Natureza Sexual, de Ed Blum - sete casais numa única tarde londrina;
3. Quebra de Confiança, de Billy Ray - inspirado nos episódios verídicos da maior quebra de segurança na História dos EUA;
4. O Segredo de Terabitia, de Gabor Csupo - dois miúdos criam um mundo de fantasia só deles;
5. Amor Sinistro, de Martin Weisz - uma estudante à procura de um serial-killer canibal. Baseado numa história verídica.
6. Não Digas a Ninguém, de Guillaume Canet - mais uma história de serial-killer;
7. Porque Sim!, de Michael Lehmman - uma mãe em busca do homem certo para a filha.


O trailer de "Cenas de Natureza Sexual"...

Sunday, April 22, 2007

Luz da China


Estreia para a semana uma pérola do cinema de Hong Kong: "Still Life, Natureza Morta", que poderia passar-se no Alentejo, na Aldeia da Luz, submersa pelas águas da barragem do Alqueva.

O filme de Zhang Ke Jia, vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza, relata o regresso dos habitantes a uma aldeia que tinha desaparecido sob as águas, para salvar o que estão em vias de perder e para se despedirem daquilo que já perderam.

Sabe tudo aqui

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