Saturday, October 6, 2007

"Planeta Terror": a crítica


As comparações são inevitáveis: enquanto "À Prova de Morte", de Quentin Tarantino, é um filme de personagens, exemplarmente escrito, "Planeta Terror" é um espectáculo sanguinário e esquizofrénico onde o espectador é largado à deriva, como se fosse acéfalo. Por isso mesmo, nesta "joint venture" "Grindhouse", Tarantino levou a melhor.

Sejamos sinceros: "Planeta Terror" tem sangue, pústulas, testículos e uma gaja boa com uma arma no lugar de uma perna, mas alguém se importa genuinamente com o destino dos protagonistas? Eu dei por mim, em "Death Proof", a torcer para que pelo menos uma moçoila do primeiro grupo fosse poupada e que as senhoras do segundo "round" dessem cabo do canastro a Kurt Russell com requintes de malvadez. Aliás, apeteceu-me berrar em plena sala: "Matem esse cabrão, mas façam-no sofrer antes!". Já em "Planet Terror" rezei para que tudo desembocasse num banho de pus para que a história levasse um ponto final rápido. O filme é nojento. E este foi o único sentimento que Robert Rodriguez conseguiu suscitar.

Há quem me diga que a obra de Rodriguez está mais próxima do conceito "Grindhouse" que a de Tarantino. Como o fenómeno das matinés contínuas de série B não é português, nem sequer europeu, não é um argumento que me demova da ideia com que fiquei: o segmento de Tarantino é superior. Aliás, o que a dupla de cineastas delineou não foi um decalque do Grindhouse, antes uma recriação repleta de efeitos especiais de ponta e de piscares de olhos a outros filmes. Mas, ao contrário de "Death Proof", "Planet Terror" redunda num chorrilho de lugares comuns de série B, sem ser minimamente surpreendente. Ao longo do filme, senti que não havia ali material palpável, a não ser um bando de infectados dizimados por meia dúzia de sobreviventes. Mesmo num filme de categoria duvidosa, há sempre algo de dúbio, inquietante, que troque as voltas mesmo da forma mais idiota. Mas neste "Planeta Terror" não há rigorosamente nada que provoque espanto no espectador.

O problema é que Rodriguez quis simplesmente encher o olho. Tarantino, por outro lado, "embrulhou" as mortes, criando-as soberbamente, de modo a permanecerem na retina. Enquanto o primeiro não poupou, o segundo foi inteligente ao perceber que, para que o espectador sinta, tem de ser preparado e nutrir simpatia pelas personagens.

Em abono da verdade, nem tudo é mau em "Planeta Terror": há ideias bem concretizadas (como as personagens de Rose McGowan e de Marley Shelton), algum humor hilariante e bons efeitos especiais. Falta-lhe uma certo cuidado nos diálogos e a originalidade incisiva de Tarantino. O que, de certa forma, o enfraquece por comparação. 2 estrelitas.


Thursday, October 4, 2007

O aviso de Jigsaw

"Saw IV": o novo teaser. Scary!

Tuesday, October 2, 2007

Saw IV a 20 de Dezembro


Para os muitos fãs de "Saw" que chegam ao "Movies: Confidential", uma novidade (quase) exclusiva: "Saw IV" estreia em Portugal a 20 de Dezembro (belo filme natalício...), distribuído pela LNK.

Monday, October 1, 2007

"Capacete Dourado": a crítica


Presunçoso. Esta é a melhor palavra para descrever o resultado do filme de Jorge Cramez, uma espécie de Romeu e Julieta do Corgo sem direito a clímax.

Jota, um motoqueiro rebelde "sem interior" conhece Margarida, uma anorética "sem exterior". O resto é previsível: a paixão rebenta entre os dois "outsiders", apesar dos obstáculos criados pelo pai intransigente e autoritário da jovem. "Capacete Dourado" é uma obra de clichés: nos planos (o fogo-de-artifício, o riacho em pano de fundo ou os confettis na festa resultam em qualquer filme), nos diálogos (o improviso dos jovens funciona, as conversas entre adultos soam a falso) e na capacidade risível em estereotipar personagens: o badboy, demasiado badboy, que se apaixona pela menina ingénua, impopular, chacoteada pelos colegas. Mas a falha maior está na incapacidade em criar um clímax, deixando os espectadores abazurdidos com um desfecho sem sal, demasiado escorreito, certinho, impedindo quem vê de sentir o desconforto, o murro no estômago que uma história destas merecia.

Recheado de "cameos" - Alexandra Lencastre como professora gaga, Joaquim Leitão como jogador de snooker -, o filme de Cramez funciona como uma súmula de técnicas que o realizador terá aprendido em muitas horas de visionamento de cinema, minando-lhe a originalidade. Por esse motivo, nunca consegue, esteticamente, fugir do lugar comum. A banda-sonora, que inclui "Danúbio Azul", de Strauss, mitificada no cinema por Stanley Kubrick em "2001-Odisseia no Espaço", poderia ter sido usada como tributo, mas é decalcada num jogo de motoqueiros sem grande sentido. O resto, que varia entre os Echo and the Bunnymen e a "Quero é Viver", de António Variações na voz de Camané, demonstra o bom gosto musical do cineasta, mas um tremendo desperdício ou uma vontade de incluir em quase todas as cenas a sua "cdteca" pessoal. Só por ser português, 2 estrelitas.

As inseguranças de Meirelles


"Movies: Confidential" continua a acompanhar as filmagens de "Ensaio Sobre a Cegueira" (tenho plena certeza de que o filme baseado na obra de José Saramago será um sério candidato aos Óscares e é desta que Julianne Moore arrebata a estatueta). Fernando Meirelles acrescentou mais dois posts no seu diário onde, mais uma vez, denota uma certa insegurança de cineasta consciente da efemeridade do grande ecrã perante o brilhantismo e a intemporalidade de uma obra literária. Eu estou cá para dizer a Meirelles que confio cegamente no seu trabalho e só espero que capte a essência do livro, com mais ou menos "cocó". O resto é peanuts e todos sabemos que o tempo cinematográfico consegue ser cruel.

'“Ensaio Sobre a Cegueira” permite tantas leituras que a toda hora me pego conferindo se este ou aquele viés da história estão contemplados no que tenho filmado. Cada vez que me asseguro de um ponto, outras quatro dúvidas aparecem. – “Tudo, não teremos”, dizia meu avô. Mas bem que tento. Esse é um texto que gera muitas perguntas, mas nenhuma resposta, levanta questões sobre a evolução do homem, nos faz refletir criticamente mas não aponta direções. Cada um terá que descobrir o caminho por si só. É uma história pós-moderna. Creio que por ser assim tão aberto, este livro permite que cada um o leia projetando suas próprias questões e todas as leituras parecem fazer sentido. Não é à toa que tanta gente diz ser este o seu livro favorito. Quem me dera fazer um filme com 5% desta qualidade.'

in Diário de Blindness

Sunday, September 30, 2007

Auster monumental!


Paul Auster vai estar no dia 4, no Monumental. Toca a comprar bilhetes!

Descubra as diferenças


"Funny Games", 1997



"Funny Games", 2008

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