Encontrei, numa viagem internáutica, esta brilhante sinopse de "Mulholland Drive" que explica o filme e abre a luz para quem ainda não tinha alinhavado as pontas desta obra de David Lynch.
"Depois de receber uma herança deixada pela sua tia Ruth, Diane (Naomi Watts) viaja para Los Angeles para tentar alavancar a sua carreira de actriz. Certo dia, ela faz um teste para participar do filme 'A História de Sylvia North', mas é rejeitada pelo director da produção, Bob Rooker, que acaba por escolher a bela Camilla Rhodes (Laura Elena Harring) para o papel-título. Porém, Diane e Camilla acabam por tornar-se amigas e, eventualmente, amantes - sendo que esta última, agora uma actriz de sucesso, frequentemente arranja pequenas participações para a namorada nos seus filmes. Infelizmente, nem tudo corre bem para as duas: durante as filmagens de seu novo projecto, Camilla envolve-se com Adam Kesher (Justin Theroux), o director responsável pela empreitada (apesar de ser casado, ele divorcia-se da esposa, alegando que ela o traíra com o rapaz responsável pela limpeza da piscina, deixando-a sem direito a nada). Enciumada, Diane passa a brigar com Camilla - até que, certa noite, é convidada para uma festa na mansão de Kesher, sem saber que será obrigada a testemunhar o anúncio do casamento da sua namorada com o cineasta.
Sentindo-se humilhada, Diane decide contratar os serviços de um assassino profissional para executar Camilla, pagando 50 mil dólares pelo serviço. Depois de receber o dinheiro e pegar uma foto da sua vítima, o indivíduo diz que Diane encontrará uma chave azul no seu apartamento quando tudo estiver terminado – e, de facto, rapidamente recebe o aviso de que a sua ex-namorada está morta. No entanto, corroída pelo remorso, ela tem longos sonhos envolvendo Camilla e, mesmo quando acordada, não consegue parar de pensar no que fez. Torturada pelas lembranças e pela crueldade dos seus actos, Diane finalmente comete suicídio".
Em acrescento, a minha visão metafórica do filme: a primeira parte, convencional, das louras ingénuas e dos vilões, repleta de referências a Hollywood, crítica em relação à prepotência dos estúdios, é o filme pseudo-certinho encomendado como série a Lynch. Alimentada pelo canal+ francês, a terceira parte é negra, esquizofrénica e representa a liberdade criativa, o desnorteio, a produção sem a intervenção opressiva de terceiros, o corte com todas as regras e protocolos cinematográficos. Uma interpretação que segue o percurso tortuoso deste filme.